terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Quero ser nesse caminho



- Queres ser o meu azul?
- Não, quero ser a tua viola.
- E não queres ser o meu perfume?
- Quero ser a tua caixa de ritmos.
- Mas eu quero ser a tua luz.
- Tu és a minha luz, dourada.
- Gosto tanto do som do vento a passar pelos eucaliptos.
- E eu gosto do teu hálito, da tua voz.
- Alguma vez estiveste apaixonado?
- Acho que sim.
- Por que é que não tens a certeza?
- Não sei bem. Porque devo ter deixado de estar.
- Como foi?
- Quando percebi estava bem mais adiante, noutro caminho, impossível de voltar atrás e repetir o percurso. Já era outro.
- Foi bom?
- Tão bom como nascer e não poder voltar para a barriga da mãe.
- Ah! Também vou querer.
- O quê?
- Que alguém se apaixone perdidamente por mim.
- Vais apaixonar-te por alguém?
- Mas… não é a mesma coisa?
- Nem por isso.
- Hum, não sei como isso se faz. Ensinas-me?
- Não se aprende a fazer, apenas a desfazer e a não fazer.
- Parece uma complicação. Por agora só quero que sejas o meu azul.
- Vou ser sempre a tua cor violeta. E a tua viola também.